Podia-se subir em pés de jaboticabas.

Era tranquilo andar à noite pelas r
uas arborizadas da cidade sem lenço e sem documento. Reunir os amigos na esquina diante de uma fogueira, cantar, beber, ver estrelas e namorar a Lua cheia.
Eu sou da época de ir ao Contagem Tênis Clube da
nçar e se divertir, o Cine
Teatro Municipal, que saudades!...
Eu sou da época e
m que se podia jogar bola na rua, soltar pipa, jogar finca, roubar jabuticabas nas chácaras...
Mas ago
ra Contagem, ai de ti... Com sua ilitizinha egoísta, incapaz de proteger a cidade dos gananciosos, dos assaltantes de terno e gravata.
Ai de ti, Contagem, que agoniza nas mãos de adm
inistradores inescrupulosos e incompetentes.
Ai de ti, Contagem, que porco a pouco perde suas praças e sua memória para os imediatistas. Ninguém pensa por ti.
Ninguém tenta r

esgatar teus encantos.
Um bêbado dorme na Praça, um policial militar passa diante de duas crianças que cheiram thiner, uma prostituta te convida para duas horas no motel barato, o sinal fe
cha, o metrô desliza superlotado sob os nossos pés. E a cidade murcha. Pede s
ocorro, mas ninguém ouve.

Os funcionários
públicos e os assessores nomeados por padrinhos políticos bebem cerveja com suas honestidades falsas nos bares da cidade.
Ai de ti, Contagem...com seus engarrafamentos, com seu trânsito mal-educado e mal planejado. Quem te salvará?
Quem erguerá a bandeira de amor por ti?
Assim com Rubem Braga lamentou o destino de Copacabana...
Me entristeço pelo teu futuro, Contagem, mas não desisto nunca de gostar de você...
Autor desconhecido
Publicado no Jornal Perfil de Contagem 28 a 30/08/2010