domingo, 25 de outubro de 2009

HILDA FURACÃO FICÇÃO QUASE VERDADE

Citações de lugares tão conhecidos para mim que vivi a vida inteira em Belo Horizonte que se confunde com a realidade!
Naquela época, o Maravilhoso Hotel e a Rua Guaicurus eram menos soturnos. Ao lado, ficava o Montanhês Dancing, animado por uma orquestra de 30 músicos. "Era um lugar frequentado por estudantes", digo. Hoje, ele explica, o correspondente seria a boate New Sagitarius, aonde homens de negócios vão para tomar uísque e assistir a shows de strip-tease. Drummond acompanha o amigo e assiste à dança das moças bonitas, que ganham até R$ 250 por programa. "As mulheres aqui não têm mistério", lamenta. O porteiro do New Sagitarius, Deni Pereira, 62 anos, reclama com o escritor de não ter sido consultado para a minissérie. Ensinou as bailarinas do Montanhês a dançar e teve contato com toda a malandragem da Rua Guaicurus. Conheceu o travesti Cintura Fina, mas nenhuma Hilda Furacão. "Acho que ela é ficção."
Em Belo horizonte a ficção misturada com a realidado de Roberto Drummond e quase zero.

A rua Guaicurus, por exemplo, poderia perfeitamente estar estampada nos cartões postais da capital mineira. Tão tradicional quanto o Mercado Central, ao mesmo tempo em que fica localizada no mesmo quarteirão que as modernas instalações dos shoppings populares Oiapoque e Tupinambás, esta rua é velha conhecida dos belo-horizontinos desde os primórdios da cidade. Se você perguntar para o seu pai se ele a conhece, pode ser até que consiga uma resposta não muito direta - ou então a conversa pode, abruptamente, tomar outro rumo, sem explicação qualquer para justificar tal intertextualidade repentina. A verdade é que, se ele realmente nunca ouviu falar da Guaicurus, das duas uma: ou está há pouco tempo na cidade, ou está há pouco tempo na vida. Porque belo-horizontino de verdade tem a obrigação de saber onde fica o endereço em que as putas cobram pelo programa um valor equivalente ao que você gasta com a passagem de ónibus – ainda que de ida e volta - para chegar ao local.

Ainda que Hilda Furacão pareça verdade... e pura ficção!
Quem disse foi o autor da obra Roberto Drummond.
E a população que vive em meio a esse tipo de trabalho hoje são melhores assistida até mesmo pelas igrejas, que cansou de atirar pedras, agora presta esclarecimentos sobre DST.
Eu como um eterno sonhador de dias melhores, custo a acreditar que tudo não passou de ficção!

3 comentários:

  1. Vivi minha vida em Belo Horizonte até 1968, quando vim para Ipatinga.Na década de 1950 fui amigo e liderado pelo Roberto Drummond, pois acreditava na utopia do socialismo. Formei-me em Psicologia pela Puc e até hoje exerço a profissão. Adorei, amei tudo que vi aqui. Para quem viveu aquela vida, isto aqui é o paraíso. Eu trabalhava, naquela época, na Rua Curitiba, entre Guaicurus e Santos Dumont. Aquela zona era uma zona real, milhares de mulheres de todos os tipos. João Nery de Araújo, 76 anos, psicólogo.

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  2. Obrigado pela visita!
    Me contou também um pouco da história, época com encantos e mazelas da política.

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